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- O capitalismo ainda é o melhor caminho
Acredito que o sistema econômico capitalista possa realmente alcançar maior justiça social sem descambar para a vala comum das ideologias autoritárias e absolutistas que elegem uma casta de um número mínimo de privilegiados e que tenta nivelar o restante da população em todas as suas dimensões, até mesmo espiritual. Por isso, declaro sem receio que sou um adepto do capitalismo, deste sistema que desenvolveu uma moeda corrente substituindo o arcaico sistema de troca de alimentos e manufaturas. Este sistema que possibilita qualquer indivíduo a desenvolver seu próprio negócio comercial que será a fonte de seu sustento e riqueza. No entanto, não posso concordar com o capitalismo deformado e muitas vezes usado como manto para sorrateiros autoritarismos e mecanismos de censura e controle social. O sistema capitalista entendido em si como livre comércio e livre oportunidade não pode ser encontrado em sociedades que o desvirtuam, em governos que agem como antigos senhores feudais que sem motivos razoáveis ou necessidades justificadas na justiça social e no bem comum, somente enriqueciam por meio de altas taxas e impostos cobrados de seus vassalos. É até risível o quanto a sociedade hodierna, dita moderna e científica, repete em seus governos aquilo que se consideram erros históricos que julgamos em tempos como no medievo e antiguidade. É sabido que o ser humano sempre é capaz de repetir os mesmo erros, individualmente ou em grupo, mas a agilidade em logo os perceber deveria ser uma habilidade que deveríamos aprimorar em nossos dias. De modo que a sociedade capitalista não pode se conformar em aceitar a imposição injustificada pela democrática maioria de perda do sustento a que cada indivíduo lutou. Diria ainda que, mesmo que certo governo legitimamente eleito pela maioria, usurpasse as benesses do sistema capitalista dos cidadãos, tão logo dever-se-ia enquadrar os responsáveis primeiramente apelando para sua servidão a justiça social e em seguida cobrando a responsabilidade pelo mal uso da posição. Afinal, quem ainda deseja um senhor feudal a viver inesperadamente de taxas e impostos que somente fraudam o sustento dos cidadãos? Filosoficamente, sistemas como socialismo e fascismo são irrealizáveis pela já clara finalidade dos mesmos, o de controle e “escravidão” do povo. O sistema capitalista ainda pode, sendo bem entendido e exercido, construir uma sociedade próxima da justiça necessária, visto que justiça ideal somente como a presença imanente e explicita do Criador do agente e receptor deste movimento que chamamos de “atos justos”. Nada pode ser mais claro que observando os exemplos que cercam nossa sociedade, como os países vizinhos na América Latina que, desde muito anos vivem um vai e vêm de governos que flertam com o “capitalismo socialista” e uma espécie de capitalismo selvagem, que entende também erradamente especialmente a noção de livre oportunidade e comércio. Mesmo que muitos ao lerem textos como este, considerem utópico demais esta sociedade capitalista que prima pela justiça social e o bem comum sem ferir o individualismo do cidadão, é preciso compreender que na realidade nem mesmo esta “utopia” posta em prática salvaria a humanidade de si mesma. É cruel pensar assim, mas em realidade o que fazemos nesta vida é chegar a mais próximo possível da justiça e do amor ao ser humano que possamos, pois nossa corruptibilidade geme em nosso ser, para seja posta para fora, cometendo os piores erros que podemos imaginar. Uma formação humana é a principal ferramenta para uma futura sociedade cada vez mais próxima deste sistema capitalista mais justo e fiel ao indivíduo.
- Um presente no 8º aniversário
Neste final de maio de 2010 – para ser mais preciso no dia 24 de maio -, em que completa 8 anos desde a primeira postagem neste blog, ofereço um presente a todos os que gostam de boa música: Missa em Bm de Johan Sebastian Bach … mas não hoje, dia 18 de junho, dia em que se encerra o Ano Sacerdotal. Para quem aprouver, não perca. Pax Christi
- Hinna Matsuri
Neste minha pequena passagem pela cidade de Santa Isabel, entre muitos momentos alegres e interessantes, também há espaço para acréscimo de cultura. Neste dia 03 de março acontece o Hinna Matsuri, Dia das meninas, "evento que acontece todos os anos e traz vestígios de um antigo costume japonês no qual bonecas feitas de papel eram colocadas num rio, que se dirige ao mar, levando junto consigo os males ou os maus espíritos. "O hinna Matsuri tem como ritual a montagem de altares com panos vermelhos em degraus, chamados de hinadan, onde são dispostas bonecas, que representam a família imperial, os serviçais e os músicos" (Jornal O Ouvidor . nº859, 03/03/2012, pg.12). Sempre cultivei grande interesse pela cultura oriental, mas confesso que nunca havia escutado algo sobre este Dia das Meninas. Mas me deixou entusiasmado por perceber que muito tenho que conhecer desta cultura que tanto tem a oferecer em humanidade e cultivo do espírito. "No Japão antigo as bonecas tinham um significado muito além da brincadeira, acreditava-se que elas possuíam um poder mágico de aprisionar em seu interior os maus espíritos e infortúnios. Consequentemente neutralizavam o mal que poderiam acontecer às pessoas" (Jornal O Ouvidor . nº859, 03/03/2012, pg.12). Sem elevar a superstição envolvida neste ritual, aprecio e valorizo a conservação deste tradicional momento preservado pelos descendentes de japoneses no Brasil.
- Influência para a maturidade
Escrevia a um tempo atrás: Sua influência é universal sobre toda a Igreja, que ele protege, e no entanto, a exemplo da Providência, se estende aos menores detalhes; “modelo dos operários”, interessa-se por cada um que lhe implora. É o mais universal de todos os santos pela sua influência e faz encontrar um par de sapatos a um pobre que os esteja precisando. [ José, amparo das famílias , 05/03/2008]. Não quero agora deixar de acentuar isto que escrevi. Mas aqui desejo completar esta idéia de São José como fonte de uma influência universal, uma influência universal para a maturidade. Vemos o mundo sendo aos poucos dilacerado por várias catástrofes naturais, que provèm de uma natureza ou da natureza, do qual não podemos controlar ou prever com eficiência. Portanto, este se torna um assunto ad infinitum . Mas o que não é, ao menos até provarem o contrário, assunto “cíclico” é a tamanha e horrenda falta de maturidade na maioria dos seres humanos que crescem hoje em dia e acabam assumindo postos de elevada importância para o governo (direção) do povo. Neste dia surge como proposta de exemplo a imitar: São José, esposo de Maria, pai adotivo de Jesus Cristo. A influência que este homem exerce sobre os que conhecem suas virtudes acaba por destronar a falta de “capacidade” para atitudes concretas na vida. A maturidade de José fez Deus Onipotente o escolher para ser tutor de Seu Filho, pois sabia da sabedoria provinda da vida madura deste homem. Madura não pela idade, ou pelo tempo de serviço na carpintaria, mas pelo caráter formado no temor de Deus.
- Anselm Grün: seus ensinamentos vão contra a Doutrina da Igreja
Tenho vários livros dele, porque sempre achei interessante o fato de que se utiliza de vários padres da Igreja e os chamados “padres do deserto” além de muitas citações de São Bento. Mas o fato é que, os livros mais recentes do monge beneditino Anselm Grün beira muito mais a auto ajuda, do tipo New Age do que meditações baseadas no Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja. Na verdade, suas tentativas de abordar principalmente os evangelhos de uma forma mais “psicológica” lhe custou uma repreensão do Arcebispo de La Plata e junto uma forte denuncia de que seus escritos estão beirando a heresia e apostasia. Apesar de ter adquirido vários títulos deste autor, sempre os li com certo cuidado, mas ao mesmo tempo analisando cada texto. Logo que saiu uma tradução para o português de uma série sobre os sacramentos fiquei interessado e fui os lendo, e minha decepção foi grande ao ler o volume sobre o sacramento da ordem, onde este monge deixa muitas coisas em cima do “muro”, como que querendo dizer algo entre as linhas, o que de fato, percebi quando tratou do assunto da possibilidade dos sacerdotes casarem. Realmente é lamentável perceber que alguém, aparentemente muito capaz, se deixa enveredar pelo caminho da ex-comunhão com a doutrina da Igreja. Nas palavras do diretor da agência ACI Prensa, Alejandro Bermúdez Rosell, seus livros são “heréticos, pois vão contra a doutrina da Igreja, a qual não é uma coisa menor ou opinável”. >>Ensinamentos de Anselm Grün vão contra a doutrina da Igreja [espanhol] ( http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=37079 ) >>Anselm Grün reduz o Evangelho a livro de auto ajuda [espanhol] ( http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=37046 ) >>Se pede cuidado aos conteúdos em meios católicos que difundem ensinamentos de Ansem Grün [espanhol] ( http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=37093 )
- Do ‘Ainda Não’ ao Ser Concretizado: Reflexões Ontológicas sobre a Assunção de Maria
No dia 27 de agosto, transmiti em meu site uma pequena aula sobre o tema da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma, por ocasião dos 75 anos da Proclamação do Dogma da Assunção, realizada em 1º de novembro de 1950 pelo Venerável Papa Pio XII. Pode parecer assunto de menor importância, mas é preciso verificar a conexão entre a realidade revelada da Assunção de Maria e a ontologia envolta em nossa realidade existencial. Não percebo outra realidade a ser considerada senão a compreensão metafísica de ato e potência, que desde Aristóteles, consolidando-se mais em Tomás de Aquino, consegue mostrar com maior clareza o movimento do “ainda não” para a realidade concretizada. De maneira analógica podemos considerar a realidade sobrenatural da assunção de um ser humano em corpo e alma como concretização deste movimento que existe em potência no “ainda não” da existência humana. Esta compreensão transforma a verdade da assunção de Maria em uma apavorante demonstração de mínima existência do humano consciente neste e deste mundo, e nos faz refletir, meio que atordoados, sobre a realidade além do que conhecemos, além do que apalpamos, comprovando nossa factual realidade transitória por esta realidade corruptível e acidental. Percebamos que na assunção, um ser humano da mesma matéria que você e eu transcendeu a esta realidade que conhecemos, que ultrapassou qualquer limite entre o existente e o eterno, concretizando o “ainda não” de uma matéria direcionada a uma finalidade. O que percebemos na “transformação” da existência de Maria é o que aparentemente seria a finalidade de qualquer indivíduo composto de mesma matéria que o indivíduo Maria, e isto quer dizer ser migrado ou transformado em uma existência diferente ontologicamente da que conhecemos de nós mesmos. Parece que esta transformação não anula e nem prejudica a consciência deste indivíduo, visto que podemos chamar Maria, mesmo após sua assunção aos céus, ou transformação existencial, de Maria, a mãe de Jesus e esposa de José. Ontologicamente isto também nos afirma uma compreensão que já trazemos desde os antigos, de que nossa consciência não morre, não se extingue com a materialidade do corpo, mas acompanha a eternidade da alma[1], algo que nos deveria fazer entender a elevada natureza que compõe nossa individualidade, visto que, se podemos dizer que temos algo em comum com cada indivíduo deste mundo, certamente é somente a matéria que naturalmente é corruptível e acidental, e que por isso não deveria ser motivo de elevação ao eternamente singular, isto é, a consciência individual. Mesmo que a assunção de Maria sempre apareça como tema meramente religioso, este movimento não deveria ser considerado extraordinário, isto em vista do que já tentamos expôr aqui, de que a finalidade de nossa existência é a elevação qualitativa a uma realidade eterna, em que nossa manifestação existencial corresponderá a manifestação do próprio sustentador da realidade em si. Ainda pode parecer tema restrito a crença para uma mente desdenhosa do desenvolvimento que desde Platão temos tido acerca da eternidade do ser humano em sua profunda existência. Saber que Maria foi e está elevada qualitativamente a realidade primeira e sustentadora desta nossa realidade transitória, não somente nos deveria alegrar como motivar ao despojo de qualquer exaltação do que perecerá, do que sendo transitório não pode realizar a existência eterna imersa no sustentador de nossa realidade. O que desejei mostrar na aula que ministrei em vídeo foi exclusivamente a excelência do indivíduo Maria, que como eleita por Deus tornou-se a primeira e a prova de nossa plenitude para além desta matéria visível e corruptível. [1] No Fédon de Platão (particularmente nas seções 64c–69e e 106–107), Sócrates argumenta que a alma, sendo simples e não composta, não pode ser destruída como o corpo. Ela, portanto, acompanha a eternidade e participa do mundo das Ideias, sendo a sede da verdadeira consciência. Plotino (séc. III d.C.), no Enéadas , afirma a eternidade da alma, que não se identifica plenamente com o corpo, mas com o Intelecto e o Uno. A alma permanece viva e consciente mesmo após a morte, retornando à sua origem.
- Tomás de Aquino sempre será atual
Sempre acabo surpreendido por alguma literatura que ainda não consumi, como algum livro de algum escritor que, por mais que já o conheça, não tinha conhecimento de determinada publicação. É o que aconteceu com Garrigou-Lagrange, quando recentemente tive contato com sua obra na versão em espanhol La Síntesis Tomista , de 1946. De fato, nesta obra o autor faz uma síntese do pensamento de São Tomás de Aquino de forma esplendorosa, como que pretendendo usá-la como um verdadeiro manual de filosofia e teologia. Recentemente publiquei uma série de três vídeos palestras sobre o pensamento de Tomás de Aquino em vista da comemoração dos 800 anos de seu nascimento, comemorado neste ano de 2025. Nestes vídeos também tentei deixar uma síntese das ideias principais deste perene filósofo e teólogo do catolicismo, especialmente quanto a natureza e finalidade do ser humano. O conjunto da obra de Tomás de Aquino realmente é gigantesco, e basta perceber pela sua famosa Summa Theologiae que deveria ser apenas um manual introdutório aos estudantes de teologia e acabou servindo de obra magna de seu pensamento. Sua filosofia essencialmente baseada na estrutura aristotélica de ato e potência revela um esquema quase infalível nos assuntos que envolvem a natureza do ser humano, sua existência e seu futuro. Mas o tema que para muitos pode ser acidental, mas, na verdade, é o principal, também se beneficia deste esquema de pensamento, isto é, Deus, sua existência e seu agir. A estrutura da obra de Lagrange obedeceu a mesma estrutura de Tomás, Deus e a Criação, o homem (sua existência, virtudes e fim último), e Jesus Cristo e os sacramentos. Isto deixou a obra como uma perfeita estrutura de manual didático do que Tomás de Aquino desejou fixar para os estudantes de teologia e filosofia. O pensamento do Aquino é tão assertivo que dificilmente poderá ser deixado de lado tanto pelos cristãos como pelo mundo pensante, sua lógica é acompanhada por Aristóteles, que verdadeiramente fora parafraseado em muitos pensamentos. Tomás de Aquino destrincha de maneira analítica questões que para muitos seriam supérfluas e desnecessárias, mas que escondem um verdadeiro sentido sobrenatural para a existência humana, como, por exemplo, a realidade angélica. Mas, por que ler ainda sobre Tomás de Aquino e seu pensamento? Esta pergunta não é muito difícil de responder, basta que analisemos os demais pensadores e escritores pós-Tomás de Aquino para perceber que somente encontramos confusão e dispersão, nada de respostas ao menos satisfatórias e razoáveis. Olhando para os escritores modernos e pós-modernos, o que encontramos se resume a um conjunto de frustrações e indignações sobre a própria existência. O que me leva a ler ainda sobre o pensamento de Tomás de Aquino é a clareza e a objetividade de seus raciocínios, capazes de elucidar até mesmo o pensamento dos anjos que nem sequer conseguimos ver. Além disso, o principal tema se direciona a Deus, sua existência e ação no mundo, e Tomás consegue nos conduzir por meio de exemplos e argumentos a Sua existência e certeza de presença em nossa vida, mesmo diante de nossa corruptibilidade, debilidade sensitiva e racional. E é interessante perceber que Tomás de Aquino não elaborou um esquema de pensamento, apenas usou da capacidade racional humana para elucidar assuntos vitais de nossa existência. Talvez seja por este motivo que ele é tratado como um pensador perene, que não desvanece, que não é será esquecido. De fato, Tomás de Aquino não quis envaidecidamente construir uma filosofia própria, para ser lembrado no Panteão dos Filósofos, mas respondeu simplesmente aos questionamentos do seu tempo, que, na verdade, são os questionamentos de todos os tempos. Por isso, sua filosofia e teologia serão sempre consideradas como marcas mais claras e objetivas da realidade humana e sobrenatural.
- A negação da própria potencialidade
Você não precisa ser bom em tudo, e esta afirmação parece ser aceita por todos, pelo menos por aqueles dotados de algum senso racional. Eu mesmo não poderia jamais contestar esta afirmação, haja visto toda a minha experiência em tentar ser melhor em algumas coisas, o que está longe de alcançar a completude da atividade humana, e nestas a competência necessária. Acredito firmemente que o ser humano possa desenvolver várias habilidades, bem como ampliar quase ao infinito sua capacidade intelectual em compreensão do mundo e das realidades além da matéria. Não duvido da capacidade potencial de nosso intelecto, auxiliados pela alma imortal que possuímos, em alcançar realidades ainda simplesmente imagináveis para o ser humano. Mas mesmo aceitando tudo isso, não posso aceitar a realidade medíocre do ser humano em alçar acima das realidades essenciais e das realidades além da matéria visível a simples técnica publicitária e mercantil, potencializadas artificialmente pelo sistema capitalista autoritário em que vivemos. Antes de continuar, reafirmo o que já disse muitas vezes e de formas diferentes, que qualquer outro tipo de organização econômica na sociedade humana possui muito mais deméritos do que o chamado “capitalismo” em sua conceituação geral. Infelizmente, por conta da insistente mediocridade humana em transformar o sistema econômico em que vive em uma autoridade moral e “espiritual”, encontramos uma sociedade doente pelas próprias inovações que a inteligência humana conseguiu desenvolver. É assim especialmente com a internet e mais especificamente com as redes sociais, onde se criou - por não existir um vazio interior, uma falta de guia moral e espiritual com solidez - um estilo de vida artificial e passageiro, na duração de “stories”. As multidões se guiam por isso, e podemos chamar hoje os vídeos curtos de personagens quase anônimos de “guias morais” de uma humanidade totalmente sem fundamento. "Exagero", deve pensar você. Mas é preciso sair do raso, de pequena compreensão que pensamos ter do mundo, da realidade e das coisas para podermos enxergar mais além, mais profundamente o que somos, onde estamos e o que nos colocou aqui, para quem sabe compreendermos um pouco mais para onde iremos. Ir quando? Quando nosso corpo não mais se mexer movido pelos impulsos de nosso cérebro comandado pela nossa consciência, vitalizada pela nossa alma imortal. Comecei dizendo que não precisamos saber de tudo, ou ser bom em tudo. E de fato não precisamos. Especialmente não precisamos gastar nosso tempo em habilidades meramente humanas, de técnicas artificiais que não nos acrescentam em nada para a vida eterna. Vivemos e trabalhamos porque necessitamos viver o tempo em que nascemos, mas para nós hoje, assim como para o homem medieval, ou a mulher dos povos persas, ou mesopotâmicos, o tempo presente não oferece tudo o que precisamos aprender para a imortalidade. Por isso, gastar nosso tempo com a futilidade momentânea, a epidérmica técnica capitalista e mercantil humana não me parece digna de empenho e nem de aceitação. Como disse, se sabemos que devemos olhar para frente, por que nos prendermos em coisas que ficarão presas ao tempo enquanto alçamos voo na eternidade? Temos a potencialidade intelectual capaz de alcançar o eterno, mas nunca a desenvolveremos para tal enquanto estivermos presos e escravizados ao mundo que criamos, com as coisas que criamos e que nos fazem dependentes de mais esforço nas próprias atividades que inventamos. No final, acabamos sendo trapaceados e boicotados por nós mesmos, auxiliados por nossa fragilidade.
- Francisco: um pontificado cinzento
Passaram-se quase 45 dias desde a morte do Papa Francisco. Já celebramos o luto pela sua morte, já acompanhamos o Conclave e o surgimento de Leão XIV, 267º sucessor de São Pedro. E, passados esses dias, parece que o mundo católico — ao menos — reflete sobre o que foi o pontificado de Francisco, algo bem mais complexo do que simplesmente “nebuloso” ou “diferente”, como alguns, temerosos de cair na simples mania de criticar o Papa, tentam dizer, mesmo diante de situações e posições, no mínimo, constrangedoras para a ortodoxia católica. Desde a surpresa que tivemos com a eleição de Francisco e sua figura “cinzenta” aparecendo na loggia centrale da Basílica de São Pedro, tendo próximo de si o conhecido e agora falecido cardeal Cláudio Hummes, mantive uma posição de estranheza com o Papa argentino, que não me decepcionou — infelizmente —, pois, desde esse momento, não consegui alimentar muita esperança de um papado ortodoxo, fiel ao Magistério e também forte na manutenção da tradição milenar da Igreja. Para aqueles que me acompanharam pelo site oficial e pelos vídeos no programa Crítica Católica , sempre foi evidente minha respeitosa crítica a muitas falas, pronunciamentos, documentos, posições e à falta de posicionamento do Papa Francisco, o que me deixa tranquilo em escrever este texto, pois pude, com bastante atenção, seguir cada movimento de seu papado. Confesso que não desejaria ter de fazê-lo e preferiria simplesmente lembrar do Papa nas grandes celebrações, como Natal e Páscoa, e em minhas orações pelo Santo Padre. Mas Francisco exigiu isso de mim, pois a perturbação foi ficando cada vez maior com cada consequência de suas posições que, como sempre afirmei, eram apenas reflexos de sua teologia enraizada num socialismo clerical, partidarista e dessacralizador. Afinal, latino-americano como era, cresceu embalado pela famigerada Teologia da Libertação. Hoje estão mais numerosas as vozes que testemunham o autoritarismo com que o Papa Francisco governava a Igreja. Envolvido no manto da humildade que ele desejou transmitir através de sua própria aparência — eliminando de uso as insígnias papais e as vestimentas que refletem a autoridade do Vigário de Cristo —, sem as câmeras e os microfones havia, cada vez mais, o centralizador e autoritário Bergoglio, que parecia querer refazer a Igreja de Cristo a seu modo, sob seus costumes e ditames. Vários cardeais de destacado serviço à Igreja e à Santa Sé já manifestaram a falta de colegialidade de Francisco, expondo o que parece ter sido uma marca de seu pontificado: contradição e dubiedade. Várias decisões foram tomadas no silêncio de seu quarto, sem nenhuma consulta e, muito menos, justificativa, como seria o mínimo esperado em decisões que afetariam comunidades religiosas e também seminários inteiros. Bispos foram demitidos de suas dioceses sem muita explicação, o que torna ainda mais estranho o discurso do Papa sobre a colegialidade, contrastando com o Papa das decisões sem justificativas e transparência. O progressismo filosófico evidente em seu pontificado, infelizmente, será lembrado por muitos anos entre alguns fiéis. Sua inclinação parecia clara ao comportamento dos demais governos que, por natureza de seus postos, acabam trabalhando em prol de agendas progressistas que favoreçam seus grupos de apoio. Torna-se preocupante quando vemos um Papa, Vigário de Cristo, guardião do Magistério e da Tradição da Igreja, aceitando, sem aparente preocupação, o controle estatal de um país sobre a prática da fé católica e, até mesmo, indicando qual padre pode ser bispo ou não. Temas que especialmente tocam a moral foram de difícil esclarecimento com o Papa Francisco, pois, muitas vezes, sua conduta parecia pouco clara e, menos ainda, ortodoxa em relação ao Magistério fixado da Igreja. Uma postura de obliquidade que dificilmente contribui para o já complicado e confuso modo de conduzir estes assuntos, que a humanidade vem vivenciando desde os primeiros anos do 3º milênio. Apesar de ter ficado mundialmente famoso o caso dos cardeais que escreveram uma carta ao Papa solicitando esclarecimento de alguns pontos obscuros — que especialmente tocavam a moral familiar — e de outros casos pontuais de evidente discordância doutrinal do Santo Padre, não presenciamos nenhum movimento de apaziguamento ou de esclarecimento, o que fez com que seu pontificado terminasse na cinzenta atmosfera que, desde o início, ajudou a criar. O legado do Papa Francisco é de alguns anos de intenso trabalho para esclarecer a fé, mas não por parte do Santo Padre, e sim por parte daqueles que sempre foram acostumados a receber do Vigário de Cristo a definição clara e indefectível. Repito aqui o que sempre disse em meus comentários: desejo a salvação da alma de Mário Jorge Bergoglio, mas rezo para que seu pontificado seja retificado com o tempo, para o nosso bem e o da Santa Igreja.
- Temos um Leão: Leonnes XIV
Habemus Papam. Leonnes XIV. No dia 8 de maio de 2025, o mundo conheceu o novo sucessor do apóstolo São Pedro, o Papa Leão XIV, e muita coisa ainda não pode ser dita sobre ele, mas pode-se falar sobre a importância do papado para a Igreja Católica e para o mundo, pois mais uma vez ficou evidente a todos que a Igreja Católica não perdeu e nunca perderá sua presença no mundo, mesmo com muitas forças hostis a tentar deturpá-la e mesmo derrubá-la. Já tinha se passado 3 votações no Conclave, segundo o cronograma antecipadamente anunciado, e se não houvesse fumaça saindo pela famosa chaminé sobre a Capela Sistina, teríamos pelo menos mais uma, somando-se então 5 votações até o final do dia 8 de maio, o segundo dia do Conclave. Mas aconteceu o que todos esperavam ansiosamente, por volta das 13:07h conforme o horário de Brasília. “ Il fumo bianco ” apareceu majestoso sobre o telhado da Capela Sistina no Vaticano, aos olhos de câmeras televisivas do mundo todo e dos olhares de dezenas de fiéis na Praça São Pedro. Logo os sinos começaram a badalar, em um anúncio de júbilo pelo novo Papa, Pastor dos católicos no mundo todo e chefe do menor Estado independente. Quem acompanhou a transmissão deste momento ao vivo, pôde notar a euforia dos presentes da praça São Pedro, e igualmente a rapidez com que começou a se encher a mesma praça, pois um Papa tinha sido eleito, e os sinos chamavam o povo romano para o conhecer e saudar. Como não admirar esta belíssima tradição da Igreja Católica? Como não encher-se de alegria por lembrar que, como batizado e assíduo nos sacramentos, faço parte de tudo isso? A alegria é real e inflama o peito, mesmo sabendo que não foi a primeira e possivelmente não será a última vez que presencio este momento solene. Eis que surge o Protodiácono na loggia da Basílica São Pedro e anuncia ao mundo: Habemus Papam. É a Igreja de Cristo, os sucessores dos apóstolos anunciando que Pedro vive e administra o poder de Jesus Cristo colocado em suas mãos. O novo Papa surge e fala aos católicos e ao mundo, a Roma e ao mundo. O Papa Leão XIV aparece e fala de Cristo, fala de Maria Santíssima, fala da fé, fala da paz. Estas poucas palavras são o que o mundo precisa em nosso tempo. Nada de inovações, nada criativas manifestações linguísticas, muitas vezes vazias de sentido e sem clareza. O mundo precisa de Jesus Cristo, fundador da Igreja Católica, filho da Virgem Maria Santíssima, auxiliadora de todos os cristãos. Leão XIV pode trazer um tempo de “restauro” para o modo de viver católico, sem inovações, mas com clareza na fé de sempre, clareza na doutrina de sempre, clareza na liturgia de sempre. Claro que tudo isso são conjecturas sobre o Papa que ainda vamos aprender a conhecer e aprender sobre o seu modo de refletir e pensar a vivência da fé em Cristo na Igreja, o que provavelmente poderemos observar melhor no seu primeiro documento a ser redigido e publicamente no tempo oportuno. Por isso, agora nós rezamos por ele, intensificando pela intercessão de nossas orações as luzes do Espírito Santo sobre este servo de Deus que aceitou a cruz de Cristo que Pedro já havia aceito no início da Igreja. O lema de seu brasão, IL ILLO UNO UNUM (Naquele que é um, nós somos um), deixa- nos esperançosos quanto ao esforço necessário para unir as ovelhas do próprio rebanho que andam dispersas, por conta de vários motivos, desde negligência à perseguição. Sempre tenho dito em vários momentos, o ministério petrino, o papado, é sempre maior que aquele que o ocupa, e é por isso que precisamos rezar e acompanhar com nosso coração e intelecto aquele que aceitou servir nesta missão. Longa vida ao Papa Leão XIV.
- Morre Francisco, a fé continua
Senti uma grande perda quando o Papa Bento XVI renunciou ao exercício do trono petrino em 2013, algo que continuou em 2022 com seu falecimento. Neste dia 21 de abril de 2025 soube da morte de Francisco, um Papa que não tinha minha total simpatia, mas eu mesmo não posso reclamar disso, por justiça a uma consciência coerente que sabe que ser simpático ou não a este ou aquele papa não resulta em quase nada, senão em desdobramentos interiores que podem ou não afetar a alma do indivíduo. No meu caso, apesar de tudo o que sempre acompanhei do Papa Francisco e das críticas que notoriamente fazia a ele - e que já me renderam censuras das autoridades eclesiásticas locais - não vejo perturbação em mim quanto ao amor e fidelidade ao Papa e sua missão, pois esta mesma consciência que não me deixa ser incoerente também me faz agir claramente sobre a questão, e não misturar “alhos com bugalhos”. O Papa Francisco sofreu em seus últimos dias de complicações pulmonares e suas consequências que certamente o fizeram unir seu sofrimento ao de Cristo Jesus, e saber disso já me basta para entender que ele pode, com muita probabilidade, estar junto de Nosso Senhor em Seu Reino. Por isso, repudio qualquer manifestação que o julgue condenado ou desgraçado, mesmo que em vida suas atitudes possam ter provocado consequências nefastas ao corpo eclesial. Sei que muitos articulistas estão desde ontem tecendo inúmeros “panegíricos” a respeito do Papa falecido, ressaltando sua moderada postura quanto aos gentios e ateus, quanto aos católicos rebeldes no seio da Igreja, mas com certeza esquecendo estes mesmos articulistas de uma nebulosa perseguição implacável e injustificada aos católicos fiéis e conservadores. Mas enfim, o ditado popular é este: “depois de morto, todos viram santos”. Apesar disso, não entendam que aproveito-me do momento para “bater em Francisco”, mas pelo contrário, aproveito para ressaltar o amor e a dedicação que o fiel católico deve ter ao Santo Padre, que reveste-se de uma missão sublime como Vigário de Cristo na Terra. Por isso, rezo e convido todos a rezarem por Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que falecido possa ser abraçado por Nosso Senhor e conviver com os anjos e santos. Mas têm algo que não podemos esquecer, rezar pelo futuro Papa, pois isso é rezar pelo futuro da Igreja, que precisa enfrentar muitos desafios dentro e fora, especialmente para não perder mais o que tem perdido, não desviar mais os fiéis que se encontram em perigo e conservar, enfim, o que sempre foi a expressão mais fiel e substanciosa da fé católica.
- Jane Austen: Orgulho e Preconceito
Depois de muito ouvi falar, resolvi aproximar-me da autora inglesa Jane Austen para conferir sua literatura e também poder considerar todas as análises e comentários que se fazem de seus livros em nosso tempo. Primeiramente, fico admirado com estas idas e vindas do interesse coletivo que acaba por vezes a nos surpreender, pois a autora em questão é filha do século XIX e sua literatura trata e retrata esta sociedade e este modo de vida, que nem mesmo em seu país de origem se manteve puramente, passados tantos anos. Este movimento quase imperceptível do consciente literário da humanidade me surpreende especialmente porque acaba por elevar em um lugar de evidência, títulos e escritores que facilmente se poderia dizer indissociados ao costume social de hoje, o que já se desdobraria numa sentença de esquecimento. Mas por motivos muitas vezes obscuros e nebulosos, escritores como Jane Austen acabam encontrando este destaque em tempos diversos. Comecei a conhecer Jane Austen pelo seu livro “Orgulho e Preconceito”, e nele já se percebe as características típicas das famílias do século XIX, onde o grande afã das mulheres da família seria a preocupação com o futuro casamento das filhas, e podemos dizer que também dos filhos, mesmo que no caso dos homens a preocupação seria um pouco diversa. Mr. Darcy e Elizabeth Bennet em filme - Divulgação / Universal Pictures É de observar que Austen faz um retrato analítico destas idas e vindas nas relações familiares em torno do assunto “casamento”, o que nos faz notar a intenção da autora em evidenciar a quase obsessiva vontade das mulheres em casar-se com alguém que as pudesse nutrir financeiramente e que as pudesse apresentar satisfatoriamente nas rodas sociais, que resumiam-se especialmente a bailes e jantares. Acredito que o nome do livro deixe evidenciado dois defeitos presentes nas personagens que Austen descreve em seu livro. O orgulho prepotente que impede alguém realmente apaixonado a manifestar seu amor por conta ou medo de manifestações sociais do seu micro universo, e o preconceito daquelas que não enxergam além das aparências mais visíveis e que se notam à primeira vista. Este orgulho que trava e não deixa o sentimento e mesmo a razão alcançarem um melhor resultado para a vida, e o preconceito que cega, mesmo que momentaneamente, a mais inocente das jovens diante daquele que será seu grande amor, seu parceiro para a vida. Devo confessar que gostei desta obra de Austen pela capacidade literária da autora em tecer uma trama familiar tão extensa e ao mesmo tempo tão coesa, sem pontos obscuros, falhos. Não se trata de uma literatura para todos, isto é, nem todos irão admirar e mesmo conseguir ler até o final, pois muitos acharam enfadonho e fatigante, mas mesmo assim as virtudes de uma trama como esta revela seu valor. Um detalhe que nos revela coisas interessantes neste livro, é a observação que fazemos da burocracia que as famílias podem adquirir em determinadas sociedades. A escritora nos retrata muito bem este cuidado no trato social, repleto de gestos delicados e manifestações formais, levadas ao exagero que, julgando com nossa mentalidade, seriam a mais evidente demonstração de hipocrisia social. Mas o fato é que mesmo existindo esta burocracia social, as pessoas agiam de maneira honesta e sincera nas demonstrações sociais, não excetuando aqueles que realmente teatralizavam os próprios costumes da época. Na personagem Elizabeth e no personagem Darcy, encontramos a imagem do orgulho e do preconceito que a autora nomeia em seu livro. Ela é preconceituosa com Darcy, e ele orgulhoso diante de Elizabeth e dos demais, mas ambos de personalidades honestas e sinceras, que revelaram ao longo da trama suas mais benéficas intenções. Jane Austen é uma autora para ser conhecida em suas obras, especialmente por aqueles que desejam perscrutar as dinâmicas da vida social de hoje e de ontem.