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Francisco: um pontificado cinzento

Passaram-se quase 45 dias desde a morte do Papa Francisco. Já celebramos o luto pela sua morte, já acompanhamos o Conclave e o surgimento de Leão XIV, 267º sucessor de São Pedro. E, passados esses dias, parece que o mundo católico — ao menos — reflete sobre o que foi o pontificado de Francisco, algo bem mais complexo do que simplesmente “nebuloso” ou “diferente”, como alguns, temerosos de cair na simples mania de criticar o Papa, tentam dizer, mesmo diante de situações e posições, no mínimo, constrangedoras para a ortodoxia católica.


Desde a surpresa que tivemos com a eleição de Francisco e sua figura “cinzenta” aparecendo na loggia centrale da Basílica de São Pedro, tendo próximo de si o conhecido e agora falecido cardeal Cláudio Hummes, mantive uma posição de estranheza com o Papa argentino, que não me decepcionou — infelizmente —, pois, desde esse momento, não consegui alimentar muita esperança de um papado ortodoxo, fiel ao Magistério e também forte na manutenção da tradição milenar da Igreja. Para aqueles que me acompanharam pelo site oficial e pelos vídeos no programa Crítica Católica, sempre foi evidente minha respeitosa crítica a muitas falas, pronunciamentos, documentos, posições e à falta de posicionamento do Papa Francisco, o que me deixa tranquilo em escrever este texto, pois pude, com bastante atenção, seguir cada movimento de seu papado.



Confesso que não desejaria ter de fazê-lo e preferiria simplesmente lembrar do Papa nas grandes celebrações, como Natal e Páscoa, e em minhas orações pelo Santo Padre. Mas Francisco exigiu isso de mim, pois a perturbação foi ficando cada vez maior com cada consequência de suas posições que, como sempre afirmei, eram apenas reflexos de sua teologia enraizada num socialismo clerical, partidarista e dessacralizador. Afinal, latino-americano como era, cresceu embalado pela famigerada Teologia da Libertação.


Hoje estão mais numerosas as vozes que testemunham o autoritarismo com que o Papa Francisco governava a Igreja. Envolvido no manto da humildade que ele desejou transmitir através de sua própria aparência — eliminando de uso as insígnias papais e as vestimentas que refletem a autoridade do Vigário de Cristo —, sem as câmeras e os microfones havia, cada vez mais, o centralizador e autoritário Bergoglio, que parecia querer refazer a Igreja de Cristo a seu modo, sob seus costumes e ditames. Vários cardeais de destacado serviço à Igreja e à Santa Sé já manifestaram a falta de colegialidade de Francisco, expondo o que parece ter sido uma marca de seu pontificado: contradição e dubiedade. Várias decisões foram tomadas no silêncio de seu quarto, sem nenhuma consulta e, muito menos, justificativa, como seria o mínimo esperado em decisões que afetariam comunidades religiosas e também seminários inteiros. Bispos foram demitidos de suas dioceses sem muita explicação, o que torna ainda mais estranho o discurso do Papa sobre a colegialidade, contrastando com o Papa das decisões sem justificativas e transparência.



O progressismo filosófico evidente em seu pontificado, infelizmente, será lembrado por muitos anos entre alguns fiéis. Sua inclinação parecia clara ao comportamento dos demais governos que, por natureza de seus postos, acabam trabalhando em prol de agendas progressistas que favoreçam seus grupos de apoio. Torna-se preocupante quando vemos um Papa, Vigário de Cristo, guardião do Magistério e da Tradição da Igreja, aceitando, sem aparente preocupação, o controle estatal de um país sobre a prática da fé católica e, até mesmo, indicando qual padre pode ser bispo ou não.


Temas que especialmente tocam a moral foram de difícil esclarecimento com o Papa Francisco, pois, muitas vezes, sua conduta parecia pouco clara e, menos ainda, ortodoxa em relação ao Magistério fixado da Igreja. Uma postura de obliquidade que dificilmente contribui para o já complicado e confuso modo de conduzir estes assuntos, que a humanidade vem vivenciando desde os primeiros anos do 3º milênio. Apesar de ter ficado mundialmente famoso o caso dos cardeais que escreveram uma carta ao Papa solicitando esclarecimento de alguns pontos obscuros — que especialmente tocavam a moral familiar — e de outros casos pontuais de evidente discordância doutrinal do Santo Padre, não presenciamos nenhum movimento de apaziguamento ou de esclarecimento, o que fez com que seu pontificado terminasse na cinzenta atmosfera que, desde o início, ajudou a criar.



O legado do Papa Francisco é de alguns anos de intenso trabalho para esclarecer a fé, mas não por parte do Santo Padre, e sim por parte daqueles que sempre foram acostumados a receber do Vigário de Cristo a definição clara e indefectível. Repito aqui o que sempre disse em meus comentários: desejo a salvação da alma de Mário Jorge Bergoglio, mas rezo para que seu pontificado seja retificado com o tempo, para o nosso bem e o da Santa Igreja.

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Valderi da Silva

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