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Egocentrismo e massificação

Proporcional ao egocentrismo de quem vive alheio à uma vida espiritual, é a ignorância teimosa da massa, que orgulha-se em agrupar-se nos modos e pensamentos rasteiros e fúteis. (Diário Filosófico, 10/03/2023)

Gostaria de desenvolver um pouco isto que registrei no meu Diário Filosófico, há um ano atrás.


O egocentrismo é este comportamento que nos faz guiar qualquer comportamento, posição e pensamento em acordo com um ponto em comum, que para o egocêntrico é a própria razão, ou ao menos o que nela acredita ser a razão mais sensata e equilibrada. Por isso, o egocêntrico nunca deixa de tentar complementar - no mínimo - a exposição que outros fazem sobre algum tema, e muitas vezes simplesmente levanta a hipótese de que o expositor não possui total conhecimento do tema que tenta elucidar. O egocêntrico, em uma conversa sempre tentará "fazer-se notar", mesmo que sua intervenção não fosse necessária no momento. Algo de psicologismo aparece neste assunto de egocentrismo, algo que distanciava da questão de maior ou menor capacidade intelectual da pessoa que apresenta tais sintomas de egocentrismo.


Quanto o assunto vira-se para a vida espiritual, o espírito egocêntrico pode manifestar-se de muitas formas, e uma delas é a que parece difícil de se distinguir a curto prazo. Falo daquele espírito que parece transparecer aromas de humildade pelo silêncio em certa disputa pública, mas que no âmago está alheio a qualquer argumentação, pois sua centralidade precisa se manter diante daqueles a quem conquistou a simpatia, o que muitas vezes lhe dá certo ar de "sapiência" aos olhos dos demais, mas que no fundo revela-se puro egocentrismo psíquico e espiritual. De fato, fica-se na dúvida se Jesus Cristo conseguiria tomar o posto de centralidade neste espírito eivado do "populismo espiritual comunitário", seja onde lá onde exerça certa atividade.


Mas no Diário afirmei a proporcionalidade do egocentrismo de que vive alheio a uma vida espiritual, e isto o disse visando aquele espírito cria uma espiritualidade baseada em si mesmo, pois parece-me evidente a incompatibilidade de uma verdadeira vida espiritual com uma vida egocêntrica, onde o "Deus" é o indivíduo mesmo. Claro que este indivíduo não enxergará esta deificação de si mesmo, pois faz parte de sua egocentralidade negar qualquer realidade apresentada a ele, e a qual deve aquiescer por razoabilidade.


Esclarecido isto, segue-se que este espírito junta-se proporcionalmente ao grupo que age de massificado, aceitando de maneira idiotizada pensamentos fúteis e rateiros, sem profundidade e compatibilidade com a realidade do ser humano. Estou falando de proporção, pois não se equivalem em comportamento. Aqui faço um estudo comparativo da barreira no espírito do egocêntrico com a massa idiotizada refém do fútil e sem substância. Na realidade, este ponto parece convergir na própria necessidade da alma humana em deixar as tendências involutivas para seguir o duro caminho da evolução espiritual e intelectual, o que ainda não é assumido pela facilidade em cedermos ao "imperialismo do corpo e da factualidade", o que nos fazem desejar o famoso edesgraçado adágio aqui e agora.


Tenho trabalhado como escritor, professor e pensador no esclarecimento pessoal da liberdade racional e espiritual como forma de evolução do ser humano, e acredito que o egocentrismo e massificação do pensamento possam atrapalhar decisivamente qualquer futuro desenvolvido à raça humana. O que vemos hoje, está longe de ser um caminho aberto para este futuro.

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