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Por que não odeio o Papa Francisco

"Quem critica e ataca o Papa Francisco não é católico", esta afirmação já ouvi e li inúmeras vezes, tanto de católicos batizados como de pessoas de outras religiões e mesmo os ditos ateus.


Já faz algum tempo que li um artigo no site Presbíteros intitulado Ataques ao Papa, publicado em 27 de fevereiro de 2020, onde o Mons. José Maria Pereira aborda a questão através da íntima ligação Papa-Igreja-Cristo, chegando a síntese na qual os ataques oriundos de batizados seriam um ataque a própria Igreja - que por sua vez é a Mãe de todos os católicos, na evangélica ligação de Maria Santíssima com a Igreja - e assim ao próprio Jesus Cristo.


Por mais errada que seja uma mãe, o filho não fica falando mal, expondo a mãe em praça pública. A Igreja é nossa Mãe, merece o nosso respeito e o nosso amor. (Mons. José)


Monsenhor José associa levianamente crítica a ataque, sem a precisão conceitual que a relevância do tema exige. Posso sim criticar minha mãe diante de meus irmãos, mas isso não equivale a um ataque. Atacar minha mãe seria algo muito mais violento e notoriamente desprovido de razão. Lamentavelmente esta leviana associação é o que faz "naturalizar" o relativismo dentro e fora da Igreja Católica, e este mesmo argumento desprovido de precisão é o que encontramos dentro da maioria das comunidades paroquiais, dentro dos grupos pastorais e mesmo dentro das academias e universidades católicas. Nestes ambientes segue-se sempre a argumentação rasa de "agente da divisão" dentro da Igreja se por acaso for lançada alguma crítica pontual ao Papa. Argumento raso por esconder que a Igreja de Cristo sempre esteve de certa maneira dividida, e negar isto é a mais brutal obtusidade.


Em um programa do #CríticaCatólica falei sobre um tema que deveria estar claro na mente de todos os católicos, a supremacia do Papado ao Papa. E é principalmente por este motivo que digo conscientemente que, mesmo com todas as críticas que publico sobre Papa Francisco, não o posso odiar nem mesmo atacar. O papa Francisco é filho de sua formação humana e acadêmica, o que ouvimos e lemos dele, suas decisões e posturas são coerentes com o que sempre fez como padre, bispo, arcebispo e cardeal. A subida ao Sólio Pontifício não o mudou, como de fato não muda, apesar de algumas restrições e compromissos que antes não tinha. Não posso odiá-lo sabendo disso, mas posso como batizado e amante da Santa Igreja de Cristo, analisar e exteriorizar comentários e críticas ao que o Papa Francisco fala e escreve. Revela uma tremenda estupidez aquele que vê nisso um ataque e falta de amor a Igreja de Nosso Senhor.


Há quem afirme peremptoriamente que aqueles que criticam o Papa Francisco são sedevacantistas e que negam a validade da eleição de Jorge Mário Bergoglio como Papa. Outra estupidez sem tamanho, pois estão, assim como fez Monsenhor José Maria no seu artigo antes citado, juntando dois conceitos, duas posturas diferentes para negar e rechaçar quem emite alguma crítica ao Papa.


Na Igreja tudo sempre foi muito claro, sem ambiguidades, e isto é uma das críticas ao Papa Francisco que faço. Todos estes que se julgam "defensores do Papa" e que atacam - estes sim atacam - ferozmente os críticos, desejam aceitar de maneira pacífica a possível confusão e possível incoerência com o próprio Magistério da Santa Igreja.


No tempo em que vivemos, a diluição da doutrina da Igreja parece favorecer ainda mais uma horda de batizados acomodados, sincretistas e pouco interessados na atemporalidade da verdade ensinada pela Igreja Católica. Como católico não consigo deixar tudo o que já vivemos para assumir uma possível "revolução eclesial", mesmo que possibilitada ou até impulsionada pelo atual Vigário de Cristo.

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