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Mensagem de Natal 2022

Estava pensando o que poderia escrever sobre o Natal deste ano, já que venho sempre escrevendo algo sobre isso neste canal de comunicação, informação e formação. E de maneira quase instantânea veio-me à mente a figura de José, este quase relegado a um terceiro plano na excelsa cena de natal. Logo pensei: “mas como destacar José no momento em que o Menino Jesus é o centro?”. Foi aí que lembrei a temporalidade da reflexão diante da atemporalidade do evento celebrado.


Sendo mais claro, mesmo sabendo da atemporalidade do destaque primordial que possui a encarnação de Deus entre nós, é possível e quase necessário desenvolver alguma reflexão sobre a temporalidade deste mesmo evento, para que não caiamos no erro da simples lembrança de algo já passado que em nada toca a vida do indivíduo atual. Por este motivo, sem descolar-me da realidade atual, saltou em minha memória José, o pai adotivo de Jesus.


Todos conhecem a fama que a Igreja sempre espalhou de José, ou seja, a fama de um homem justo, equilibrado em seus julgamentos e provavelmente bondoso em suas posturas. Esta fama advém especialmente pela sua vital decisão em obedecer uma indicação angélica que havia recebida em sonho, que orientava a não abandonar a jovem Maria (Mt 1,20-21), que beirando seus 15 ou 16 anos, estava grávida e que diante da sociedade de então, poderia até ser condenada à morte por esta condição antes do casamento público e oficial. José ouviu a voz do sonho e seguiu a orientação, mas isto o faz justo? Sim. Pelo fato de que um sonho provavelmente não moveria a vontade de qualquer pessoa que não tivesse consciência de um certo senso de justiça além da letra da lei. Isso mesmo o que quero dizer. José agiu justamente para além da letra da lei e a história o honra pela justiça exercida. Ele só pode mover sua vontade a cumprir a orientação do sonho porque intimamente era a sentença que já julgava justa pelos critérios de sua formação firme e realista. Quis afrontar as leis e as tradições? De maneira alguma, pois antes mesmo de adormecer havia decidido abandonar Maria secretamente (Mt 1,19), ou seja, não desmerecendo as leis sociais, mas escolhendo sofrer a desonra em benefício da vida da amada e de seu filho, pois a abandonando-a em segredo, seria considerado como abusador de sua noiva e aproveitador, o que não levaria Maira à morte.


Hoje nós vivemos numa sociedade como José, composta de tradições e leis. Cada indivíduo possui sua consciência orientada por sua formação, que lhe move a agir de determinado modo diante de algumas circunstâncias. Mas o que parece necessário e universal a todos é a atitude de busca consciente pela justiça, não apenas imaginando que certa atitude obediente poderá nos tornar justos. Veja bem, José foi de certa maneira “fora da lei” para poder exercer a justiça com Maria e o Menino Jesus. Será que não vivemos tempos em que os cânones da justiça se perderam em si mesmos e não andam mais sobre os trilhos da verdadeira justiça ao ser humano?


Antes que me acusem, não quero transformar uma mensagem de Natal em “manifesto”, mas percebamos que é o Evangelho, que é o evento Jesus Cristo quem nos orienta a não nos enrolarmos em nossas inúmeras tramoias sociais, e assim perdermos o verdadeiro senso de justiça, bondade e humanidade.


Que sejamos sinceros neste Natal. Que sejamos justos. Que sejamos mais verdadeiros.


Feliz Natal.


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