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- A filosofia como arma de guerra
É incontestável o fato de que, em nosso tempo, vivemos uma verdadeira guerra pela alma do ser humano. ( Diário , 06/05/2022)
- Tempo, consciência e o intelectual
Não sei se as pessoas em geral gostam de escrever sobre seu próprio natalício, mas eu penso ser oportuno a reflexão que brota deste momento de aniversário de nascimento. Esses dias atrás, diante de mim mesmo, cunhei a seguinte sentença: "o tempo não é mera contagem, mas plataforma de existência do eu consciente". O que não posso admitir em mim é um certo sentimento de "intelectual barato" com uma filosofia sob encomenda do freguês. Antes mesmo de pensar em escrever qualquer coisa neste site ou nas redes sociais, deixei claro para mim mesmo que uma intelectualidade rasa, medíocre e sofística, era tudo o que não poderia buscar e muito menos difundir. A frase que cunhei para mim mesmo nasce de minha própria paixão pelo estudo, especialmente o estudo filosófico, teológico e histórico. Penso que exista uma ligação íntima entre estes três ramos dos estudos de ciências humanas, quase uma interdependência a fim de fugir justamente da mediocridade narrativa e interpretativa da história e do ser humano. O tempo fica gravado na história. Ele não "é" a história mas a história registra o tempo. E quando falo do ser humano, quem registra este tempo é sua consciência. Consciência que faz viver no tempo o "eu" consciente, o "eu" vivo, capaz de registrar o tempo na história da vida. Não confio na pseudo onipotência intelectual do ser humano, especialmente quando este claramente não admite as contingências da sua própria vida, afinal, a vida e suas agruras ou felicidades contribuem de maneira importante à maturidade intelectual.
- O que Jesus via do alto da Cruz
Depois de ler A Vida Intelectual, fiz uma breve pesquisa sobre a produção literária de Sertillanges e acabei encontrando este livro que ora comento. A obra O que Jesus via do alto da Cruz (SERTILLANGES, A. D. Livraria Tavares Martins, Porto, 1947, pgs 327) não possui, obviamente, o mesmo objetivo do livro anterior que havia lido, mas seu desenvolvimento revela a necessidade do que de esforço intelectual para poder-se obter uma razoável fruto das páginas escritas a mais de 70 anos.
- Sobre "A Vida Intelectual" de Sertillanges
Parece estranho a muitas pessoas falar em regras ou normais para edificar uma vida intelectual, mas não existe nada mais necessário para um verdadeiro desenvolvimento integral do ser humano do que esta verdade negligenciada pela maioria dos seres humanos. A.-D. Sertillanges é uma célebre fonte ao enveredar-se pelos lento, árduo mas certamente gratificante caminho intelectual. Sua obra A Vida Intelectual (Ed. Kírion, 2019, 218 pgs) traz não somente a experiência do próprio escritor mas as consequências lógicas de uma caminho amadurecido e trilhado por muitos ao longo dos séculos. E é por isso que podemos nos perguntar o porquê esta obra não esta ultrapassada, já que vem desde o longínquo ano de 1944? Porque compilou a postura e as virtudes necessárias que universalmente o homem precisa adquirir e fomentar para edificar uma mente sadia, capaz de viver intelectualmente tudo em sua vida. Não se trata de racionalizar tudo, como se o autor pregasse um racionalismo de tudo na vida humana, mas se trata de aguçar o intelecto de tal forma a ver e ouvir a natureza, abstraindo a verdade dos conhecimentos adquiridos pela humanidade e subjugando tudo isso a verdade infinita e absoluta, Deus. Sertillanges não escreveu um livro de reflexões bíblicas, mas é evidente que as virtudes cristãs estão presentes como armas necessárias nesta batalha do homem em vencer a própria preguiça natural co corpo a fim de elevar-se acima de si mesmo, o que o levará ao encontro do Absoluto. E é por isso que, lendo este livro, sentimos os puxões de orelhas sobre nossa frouxidão e lentidão ao defrontarmos nossos mais lamentáveis vícios corporais que infectam o espírito. Um corpo sobre-elevado acima do espírito humano impede qualquer desenvolvimento intelectual do indivíduo, coloca-o de joelhos diante da deusa ignorância. A imbecilidade acaba por se tornar sua postura crua num mundo onde o esforço é sempre essencial para se vencer os males e conquistar as glórias. Esta obra de Sertillanges é um incentivo para o trabalho intelectual, primeiro nos fazendo ver nossas misérias enquanto seres pensantes, depois nos mostrando o caminho e o trabalho necessário, especialmente através das virtudes, depois aguçando em nós o ardor pelo voo do intelecto a Deus, que nos fará produzir estudos e escritos fabulosos, que nos desenvolve e com certeza ajuda a enriquecer os demais homens e mulheres no caminho da vida intelectual. Este livro além de recomendado deve ser o primeiro de uma lista para começar a desenvolver a vida intelectual.
- Ideais globalistas assumidos pelo Vaticano?
Hoje em dia parece muito normal que qualquer instituição, associação ou qualquer outra organização manifeste-se sobre qualquer tipo de preocupação racial, animal ou ambientalista. Podemos observar em qualquer meio de comunicação uma quase invisível unissonidade entre a maioria destas instituições sobre estes temas, especialmente sobre o ambientalismo. Não preciso ressaltar aqui que a tônica destas preocupações ambientais potencializam-se por motivos nada honestos, sendo o interesse financeiro e de controle total um ideal para muita gente mundo afora. É neste meio que a Santa Sé, por meio do Papa Francisco, aparenta alinhar-se cada vez mais com interesses nada honestos, não que o Vaticano ou o Papa estejam interessados em retornos financeiros, mas pode ser pior que isso. Parece-me surgir a intenção de acomodação da Igreja Católica, com seu magistério e Tradição, às políticas momentâneas globais, e isto é como tentar diluir água com óleo! Nos últimos anos do pontificado do Papa Francisco observa-se este tema de "fraternidade humana e proteção ambiental" cada vez mais sobre titulado aos temas magisteriais e teologia da fé católica. Não é de se estranhar que muitos católicos estão considerando o atual Papa um líder político, não um líder religioso, e suas aparições, gestos e pessoas com quem se encontra avalizam esta impressão. De fato, os próprios documentos assinados pelo Papa Francisco ressaltam ainda mais este viés comprometido com políticas momentâneas de interesse global. Impossível não citar o documento pós-sinodal Querida Amazônia, ou mesmo os recentes discursos sobre a fraternidade humana e a "proteção da casa comum". Em textos e vídeos já comentei sobre a pessoa do Papa e quanto sua eleição ao sólio pontifício agradou e impulsionou os mais detestáveis interesses globais, estes que trabalham em prol de um único poder gerenciador global e do mesmo - como não poderia ser diferente - uma única religião global. Para isso é imperativo um denodado esforço por diluir, relativizar e por fim anular aquilo que é mais destacado na Igreja Católica, ou seja, seu Magistério que afirma a verdade e condena os erros atemporais. A relativização dos sacramentos da Igreja já ocorrem há décadas e nestes últimos anos a Eucaristia foi a mais atacada por estas posturas humanitárias e ambientalistas que obtêm como efeito colateral o desdém e a indiferença ao sagrado. Podemos colocar nesta conta os ataques a igrejas e seus tabernáculos, as inúmeras profanações e sacrilégios. Afinal, se o sagrado é ignorado, o que de fato é sagrado (como a Eucaristia) pode muito bem ser usado para qualquer fim. O que presenciamos nestes tempos podem ser sinais do Apocalipse, mas é difícil afirmar. Existem profecias, com as de La Salete, mas também podemos confiar na ação divina que ouve os apelos dos fies em insistente súplica. Talvez seja a hora dos católicos, mais do que nunca, observarem as palavras de Nossa Senhora em Fátima, isto é, oração e penitência. Deus não pode ser ignorado e os homens e mulheres, tementes a Deus, precisam entendem que todo o esforço é necessário para se obter uma graça divina. Estamos em tempos difíceis e o horizonte não é favorável. Confiemos em Deus, pois somente pode salvar Sua Igreja.
- Não se ouvirá mais a Deus
Muitas pessoas pensam que a doutrina da Igreja Católica impede as faculdades intelectuais que o próprio Deus criou nos seres humanos, especialmente quando a questão é olhar para a própria ação dos membros desta Igreja e perceber que existem coisas erradas acontecendo, coisas como um gradual mundanismo que está aderindo ao antropocentrismo moderno, o que levará a estagnação total da missão da Igreja, pois Deus não será mais ouvido e sim o ser humano. (Diário. Não se ouvirá mais a Deus , 28/07/2022) Estou quase cansado de escrever sobre este tema, da incompreensão das pessoas quanto a necessidade de alertar sobre os erros internos dos membros da Igreja Católica. A postura da maioria cristã é sempre a de tentar reduzir ou negar o que se ouve, acusando aquele que emite o alerta de "falso católico". É uma tentativa rasteira que somente eleva ainda mais a moral dos maus no seio da Igreja. Destaquei no início deste texto uma anotação que fiz em meu Diário Filosófico sobre uma das possíveis razões pelas quais muita gente não admite críticas e comentários aos membros, especialmente os de posição mais alta na hierarquia da Igreja. Para mim, existe uma espécie de postura que não se consegue explicar por quem a tem, que revelaria falta de compreensão das próprias faculdades internas que o ser humano possui. Para ser mais claro, identifica-se uma postura de anulação consciente da razão e do sensus fidei quando acontece um enfrentamento abrupto com algum comentário, análise ou crítica à algum evento, postura ou mesmo persistente posicionamento de algum membro em evidência dentro da Igreja. Observa-se quase que imediatamente o disparo de um mecanismo interno que faz esta anulação que mencionava antes, supostamente justificada pelo medo de não defender a pureza da Mãe Igreja, sob o duvidoso slogan "quem ataca os filhos, ataca a mãe", referindo-se a associação imediata e irrestrita da suposta conduta ilibada dos membros da Igreja com a pureza da própria Igreja, Mãe e Mestra. Se não estou enganado já tive a oportunidade de escrever algo sobre esta frase pronta que se tornou slogan de efeito psicológico no subconsciente dos católicos. Não preciso dizer que, como esta afirmação é usada hoje, não está totalmente correta, e o que nos ajuda a entender isso é justamente a necessidade de saber que Igreja como Mãe e Mestra, nunca anula a observação, o trabalho e a dedicação, que junto com a piedade, oração e meditação formam a integralidade da vida do cristão católico. O gradual mundanismo que vinga no seio da comunidade católica ao redor do mundo não é algo a ser minimizado, como se fosse apenas uma enxaqueca qualquer, que logo passará. O vírus do mundanismo somente cresce e se dissemina, ele não vai recuar como que instantaneamente, senão com a força dos que insistem em denunciar seu crescimento onde não deveria existir. É por isso que não se deve deixar levar pela onda de um "respeito humano" descabido, que engessa a verdade católica e tranca-á no borrão, como uma lembrança de tempos passados, mas que agora é substituída por "verdades" mais modernas e evoluídas, como se a verdade em si tivesse que evoluir e não a compreensão que dela percebemos. Um dos perigos mais visíveis atualmente desta inércia dos católicos através deste efeito de anulação racional, é o desgraçado estado da atividade missionária da Igreja Católica, que não converte mais ninguém, traindo o próprio mandato de Nosso Senhor. A atividade missionária da Igreja Católica hoje, resume-se somente em manter o existente, pois o mundo precisa "respeitar as religiões e os não religiosos", ou seja, assume-se que não existe mais necessidade de converter o mundo todo a Cristo. Enfim, a dicotomia entre fé e razão toca de maneira palpável este cenário lamentável, onde a busca desenfreada pelo centralismo do ser humano, acaba por descartar o próprio indivíduo, rebaixando-o a mero elemento sem superioridade na ordem da criação, revelando a própria falácia do humanismo antropocêntrico, onde o homem eleva o mundo acima do que não pode ser rebaixado. Mas isso, somente com a utilização plena das faculdades que Deus inscreveu na natureza humana é capaz de ser entendido e aceito.
- O ateísmo assassino
Recentemente soube da notícia do falecimento do escritor e poeta Antônio Cícero, que residia na Europa a alguns anos e optou por acabar com a própria vida através da prática de eutanásia legal no “refúgio dos suicídas”, o país da Suíça. Para além dos sentimentos mesquinhos que normalmente surgem numa vida afligida por alguma doença, não posso deixar de aproveitar este exemplo - triste exemplo! - para falar sobre a falácia do ateísmo frente ao sofrimento e a morte.
- Uma família afegã: Do livro de Asne Seierstad
Mas você gosta de mim? Você sabe que eu não posso ter opinião sobre isso. Você vai aceitar se eu pedir a sua mão? Você sabe que não sou eu quem decide. A jornalista Asne Seierstad conseguiu, em seu projeto, transcrever a crueza de uma família afegã das últimas décadas, passando pelo Talibã até o atual regime. O livro que foi o resultado desta observação intensiva da jornalista logo se tornou um grande best-seller com milhares de exemplares vendidos. De fato, a curiosidade ocidental acerca dos hábitos deste povo asiático foi muito grande em algum tempo atrás, o que hoje não mais se vê com intensidade. O livro o Livreiro de Cabul não merecia um Nobel, mas com certeza merece louvores enquanto dissertação jornalística factual de determinada família afegã, num país totalmente distópico do padrão de vida ocidental. Mesmo com olhar de cristão, não é possível pacificar a ideia do tratamento que se desprende às mulheres num regime como o descrito. Escravas e “bibelôs” seriam os adjetivos mais adequados. Sobre o livro, posso dizer que a leitura é daquelas que te prendem a atenção do leitor na trama, esquecendo-se até do tempo. A descrição dos hábitos afegãos, que são hábitos mulçumanos, foram claramente expostos. Por exemplo, a total superioridade do marido dentro de sua casa, mesmo que nesta mesma casa até a mãe dele viva. O diálogo destacado no início é apresentado no fim do livro, mas retrata bem esta inculcada divisão de superioridade na sociedade afegã. A própria liberdade de decisão é usurpada pela figura masculina do pai ou do marido, algo que ainda é presente como coluna vital de subsistência do modo de vida mulçumano. Como cristão e católico, preciso frisar, MODO DE VIDA MULÇUMANO, o que erroneamente as ideologias de esquerda tentam colar na figura de todos, como se todos no ocidente vivessem como os seguidores de Maomé. O livro em questão, traz com grande proveito valiosas impressões e informações sobre a vida familiar afegã e os consequentes efeitos na sociedade civil dos conflitos armados que esta região enfrenta há muitas décadas.Particularmente, considerei importante a leitura e, com olhar crítico, pude perceber que mesmo a visão de quem tem grande experiência em regiões de conflitos, como é o caso da autora, não fique imune a generalismos e leituras equivocadas das motivações históricas, culturais e religiosas, sendo estas últimas as mais importantes e nem sempre de fácil compreensão. Posso não ser compreendido por outros leitores desta obra, mas a visão da vida familiar que a autora interpreta não considera a profundidade da religião na sociedade. Deixando de lado ser ou não mulçumano, a vida familiar rigidamente vivida como a religião orienta, sempre será escandalosa para qualquer indivíduo alheio a vida sobrenatural e a verdade revelada por Deus. É lamentável que não se saiba discernir este ponto fundamental e vital para a sociedade, pois é justamente o triunfo da indiferença às orientações religiosas que fizeram da sociedade este caos ideológico onde cada “cabeça” julga o modo de vida guiado pela religião como extremismo e desconexo com a verdade criada pelo caótico e infundamentado. De qualquer maneira, a obra de Asne Seierstad merece ser lida e comentada, pois como transmissão documental de uma sociedade, traz muitos aspectos dignos de investigação e comentários.
- A atemporalidade do estudo
O tema do estudo não pode passar como um mero discurso de orientação prática e de organização e leitura, ele deve ser muito mais do que isso. Parece indispensável que apresente-se o exercício de estudar como uma atividade sem limitação de tempo e de condição, o que nos pode levar a pensar no estudo como uma atividade "sem tempo", ou melhor, fora do tempo, uma atividade que excede nossa insistente prática de determinar início e fim das atividades. O estudo acaba se tornando algo atemporal, sem limite de tempo.
- O impactante "1984"
Precisa escrever este artigo para o site e não sabia como começar. Como conseguir exprimir minha impressão do que li no livro “1984” de George Orwell? Talvez o leitor deste artigo já o tenha lido, ou talvez não, mas o que devo escrever aqui é a minha mais sincera perplexidade com a ficção criada pelo autor, que neste momento parece ter inspirado muitos eventos lamentáveis em nossa sociedade ou talvez - de maneira assombrosa - adivinhados que aconteceriam no futuro. De qualquer forma, “1984” é uma leitura interessantíssima em nossos dias, que de longe são os mais pacíficos e de plena dignidade humana. O personagem Winston trabalha para o chamado “Partido”, nomenclatura usada para designar a governança política atual de parte da sociedade mundial. Aliás, o mundo parece ter se dividido em partes blocos somente numa espécie de eliminação dos países no que se refere a fronteiras e identidades próprias. Estes blocos seriam a Eurásia, a Lestásia e a Oceania. O bloco onde Winston vive e que é comandado pelo Partido é a Oceania, e está parece estar em constante guerra ou com a Lestásia ou com a Eurásia, ao menos é o que os habitantes da Oceania sabem das informações que o Partido através de seus meios de comunicação informam ao povo. No entanto, o grande problema é saber se o que estão dizendo é realmente a verdade dos fatos, e é justamente contra isso - verdade dos fatos - que boa parte da estrutura do Partido trabalha, devorando imensa mão de obra e técnica para perverter a realidade e moldar tudo em benefício dos interesses oligárquicos do Partido, inclusive a tentativa brutal de alteração da maneira de pensar dos indivíduos, especialmente daqueles que trabalham mais próximos ao partido e que podem de alguma forma ter certa influência ou força local. A grande massa não pode ser tão trabalhada pelo Partido em seus diversos departamentos, por isso “escraviza-se” a grande massa através da pobreza e da ignorância, restringindo seu poder de compra e quase excluindo o acesso à educação formal e informal. A grande massa torna-se os “Proletas”, aqeles que são a mão de obra de produção do Partido, que trabalham para produzir mais munição e mais alimentos para os membros do Partido. O que os Proletas recebem são exíguas quantidades de ração por determinados períodos. A manutenção dos Proletas na ignorância e na miséria é fundamental para a manutenção do Partido no poder absoluto da Oceania. O personagem principal Winston trabalha em um setor de um dos Ministérios do Partido no qual tem por função diariamente alterar algum trecho de registro histórico que possa desmentir ou contradizer o que a liderança do Partido transmite ao povo para justificar suas ações, como a diminuição da ração diária, o aumento de produção armamentista para a guerra - que nem se sabe se está realmente acontecendo - e a vigilância contra poderes externos tentando se infiltrar na Oceania com o objetivo de derrubar o Partido e destruir a civilização daquele bloco. Assim, Winston acaba por começar a perceber certa incompatibilidade das ações do Partido com a realidade dos fatos, e a dúvida sobre sua lealdade ao Partido começa a surgir, o que mais adiante será causa de seu fim. Como sempre digo ao comentar os livros que leio, não pretendo descrever todo o enredo de forma a diminuir a curiosidade de quem ainda não se dedicou a esta obra significativa de Orwell, mas vale minha observação sobre alguns pontos importantes, como a tentativa utópica de controle total da realidade e alteração do fato-verdade , algo tão absurdo que só pode surgir de espíritos autoritários e sedentos de poder acima de tudo, até da própria riqueza pessoal. Aliás, fica claro no cenário fictício criado por Orwell que os membros do Partido, mesmo aqueles de mais alto escalão, não miram a riqueza pessoal, visto que tudo o que possuem não é deles mas do Partido a quem servem. Esta sanha por poder absorve até a mais evidente obediência e servidão às leis da natureza, absorvendo-às na intenção de controlá-las para o fim desejado. O poder é a meta absoluta para uma estrutura criada para este fim, e esta não exita em esmagar, torturar e matar qualquer ser humano que pense em interromper seu caminho. É o monstro social criado pelo próprio homem em sua displicência às virtudes interiores e a negação total da sobrenaturalidade do ser humano. Aliás, é interessante que o autor não fala muito do que teria acontecido com a religião, especialmente com o cristianismo depois da revolução que instaurou a edificação do Partido no poder absoluto. Existe uma citação mas que somente remete a sua existência no passado, levando a crer que a religião teria sido uma das primeiras coisas que as forças do Partido teriam suprimido e aniquilado da sociedade para seguir com seu projeto. Pode ser um tanto absurdo afirmar, mas sem o cuidado constante dos indivíduos no que toca a sua formação interior e sua capacidade intelectual, muito do que se lê nesta obra ficcional poderá um dia ser realidade. Não que espere que aconteça, mas hoje a sociedade encontra-se inundada em convulsões que muitas vezes lembram certa estrutura de poder desejando surgir para dominar tudo e todos.











