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Confiteor [2]: 28 de março de 2008

Atualizado: 28 de mar. de 2022

Neste dia completam-se 14 anos da recepção de um dos sacramentos ministrados pela Igreja Católica que visivelmente mudou minha vida. Não quero falar sobre minha dignidade ou indignidade ao recebê-lo, até porque, já escrevi muito sobre minha consciência e estado de espírito ao receber o que foi-me investido. Nesta data, ao lembrar de 14 anos atrás, parece-me justo falar da imensurável ignorância dos seres humanos quanto a este sacramento misterioso e tão decisivo para a história da humanidade desde Jesus Cristo.

De fato, Jesus Cristo é o grande responsável não somente pela existência dele, mas pela persistente existência dele na história do mundo. Estou falando do sacramento da Ordem, este que somente homens previamente preparados podem recebê-lo em vista de uma missão bem específica e que carrega consigo todo o sacrifício que este mesmo homem terá que enfrentar


No dia 28 de março de 2008, recebia em cerimônia presidida pelo então bispo diocesano Dom Zeno Hastenteufel, o segundo grau do sacramento da Ordem, o que me configurava como Sacerdote, Presbítero, ou simplesmente, Padre. Talvez algum dia possa falar mais deste momento singular e irrepetível de minha vida como católico, mas hoje prefiro destacar a grandiosidade deste misterioso sacramento já tendo refletido, falado e escrito sobre este assunto. E quando falo da imensurável ignorância dos seres humanos quanto a este sacramento, junto-me a estes, pois apesar de conhecer a doutrina que trata dele, apesar de estudar e refletir sobre ele, sua intrínseca relação com o poder de Deus não nos permite explanar certeira e em sua completude sobre a natureza e poder deste sacramento. Falamos de como ele surgiu, e o sabemos que foi Jesus Cristo que o instituiu. Falamos de sua finalidade, que fora clarificada pelo próprio Jesus, chamado de Sumo e Eterno Sacerdote pelo motivo de ser a origem deste sacramento. Sabemos que deste modo, todos os homens ordenados são participantes deste exercício sumo e eterno do sacerdócio de Jesus Cristo e portanto não podemos entender que exista outra origem ou outra maneira de entender o sacerdócio se não como imitatio da ação mesmo do próprio Deus em benefício último dos seres humanos, ou seja, a salvação eterna.


Nesta data, gostaria de levantar mais uma vez a questão: O sacerdote ordenado possui um "poder divino" por força de mandato ou por mudança em sua natureza (ontológica) pela ordenação sacerdotal?


Apesar de muitos pensarem que é um tema irrelevante, dependendo da compreensão desta questão, muitas posturas dissonantes com a missão de Cristo já foram assumidas e até incorporadas pelas igrejas locais, além de grande número do clero mundial. Pois tratar a missão do sacerdócio como um mandato simplesmente, elimina do homem ordenado a sempiterna carga de responsabilidade com Cristo, de ser o "mesmo" Cristo no mundo, e como tal confirmando a sentença "sem ser do mundo". De fato, ao encarar a ordenação sacerdotal apenas como uma cerimônia de posse, diplomação, mandato, parece-nos que tratamos de servidores que se preparam para prestar concurso público e agora são admitidos em repartições com cargos vitalícios até desejarem. A banalização da natureza mesma da imensurável missão de Cristo passa necessariamente pela má compreensão (intencional ou não!) da origem e natureza do sacerdócio. E isto pode nos levar mais longe, nos levar a desfiguração da visão católico do próprio Jesus Cristo, o que as ideias mundanas já fazem em grande escala.


Por outro lado, a compreensão de mudança ontológica (no ser) no homem ordenado o força a carregar consigo até sua morte a consciência de que deve imitar a Cristo sempre, pois a consciência de que seu ser agora liga-se mais intimamente que a maioria dos católicos com o próprio Filho de Deus, deveria fazer enxergar a humanidade com olhos do Cristo, do Deus que deseja a salvação de todos, mesmo enxergando que muitos rejeitarão a salvação em troca dos benefícios de uma vida ligada aos prazeres desta vida limitada e imperfeita. Uma Igreja que proclama abertamente a origem e natureza da ordenação sacerdotal e tem consciência desta mudança misteriosa que Deus promove na vida daquele que, de joelhos, recebe por um dos sucessores dos Apóstolos a dignidade sacerdotal, supera qualquer crise, corrigi qualquer desvio interno, enfrenta abertamente qualquer erro deste mundo contra a verdade da fé e mais perfeitamente cumpre a missão do próprio Cristo nesta história humana.

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