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SACERDOTE: DUAS QUESTÕES A SEREM OBSERVADAS

Nestes dias estou participando de um Encontro Regional de Formação Permanente para Presbíteros, onde se encontram 24 padres provenientes de oito dioceses do Rio Grande do Sul. Gostaria de escrever algo diferente sobre tal encontro, mas não posso dizer nada mais brando do que decepcionante, tanto os temas escolhidos como o perfil dos palestrantes – isso até agora, passando-se quase a metade do encontro que durará nove dias.


Mas escrevo não para apontar os pontos positivos e negativos, mas para comentar algo que me incomodou muito em determinada palestra sobre Liturgia. O palestrante, chamado de assessor, se propôs a apresentar o livro “Igreja e seus ministros”, do jesuíta Francisco Taborda. Como abordasse mais este tema, foi se encaminhando um clima de destruição do conceito clássico, já consagrado pela teologia católica (principalmente escolástica), do presbítero como “sacerdote”, isto em vista principalmente, da configuração daquele presbítero ordenado com Cristo, onde recebe não somente o múnus sacerdotal, mas também profético e régio (governo, autoridade). Outra questão destacada pelo assessor foi a inadequada nomenclatura usada para aquele que recebe o sacramento que o configura desta maneira a Cristo. Chamá-lo “Ordem” não expressaria mais o conceito abrangente que hoje se entende relativo a configuração com Cristo, pois formataria mais o presbítero a um simples “mandato”, propiciando uma não vivência desta configuração, mas apenas cumprimento por parecer mais de caráter “jurídico”.


Pois bem, começando pela primeira questão, a saber: ser adequado ou não chamar o presbítero de sacerdote, penso em algumas coisas: o sacerdote de hoje, tendo uma razoável teologia (algo um tanto difícil nos institutos por onde passei e conheço), saberá que o sacerdócio daquele configurado a Cristo não é o “sacerdócio da antiga aliança”, que no tempo de Jesus era exercido pelos levitas. Sabemos que o próprio Jesus não era levita e que portanto, não era sacerdote, mas como os da antiga aliança. Jesus fez nascer a partir Dele esta nova “linhagem” sacerdotal, um novo sacerdócio, que não se modela pelos antigos sacerdotes, mas que brota Dele. É claro que Jesus não era sacerdote, pois foi Ele quem “fundou” (instituiu) o novo sacerdócio, por este motivo, os que são chamados a esta configuração a Ele são chamados hoje de sacerdote. O múnus profético e régio emanam de Cristo e não necessariamente dependem desta configuração ontológica com Ele, pois já no Batismo todos recebemos a participação na missão profética do Cristo, como também, por força do Divino Espírito, somos capacitados a “reger” (governar, cuidar, orientar...) a partir da Palavra de Deus, pois é a partir dela que todos transmitem a autoridade que somente vêm de Deus.


Por tudo o que tenho lido a respeito, principalmente de alguns teólogos renomados, penso que discutir a oportuna ou não utilização da nomenclatura “ordem” para o sacramento se iguala às criticas a respeito dos escolásticos no tempo em que ALGUNS chegaram ao ponto de discutir quantos anjos caberiam na cabeça de um alfinete! A meu ver é mais fácil compreender a chamada “ordenação” de um candidato, como aquele mandato que o próprio Jesus dirigiu aos apóstolos: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos...”. Jesus ordenou que eles fizessem isso! Este mandato não é a configuração em si a Cristo apesar de fazer parte essencial dela, é a visualização mais presente desta configuração ao que Cristo mesmo foi junto das pessoas. Por isso, penso ser totalmente inútil e prova de descaso com o que realmente precisa ser estudado e pesquisado ficar alimentando estas dúvidas estéreis, que podem simplesmente causar mais confusão aos sacerdotes que buscam uma compreensão cada vez maior de seu ministério.





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