Quem cresceu imerso numa cultura de favores e ressarcimentos, dificilmente aceitará a possibilidade de normalização da cultura de realização do bem e trabalho em prol de outrem totalmente livre de remuneração, ressarcimento ou lucratividade.
Digo difícil porque não é impossível que haja a mudança, mesmo que gradual, do esquema mental deste indivíduo de-formado pela anticultura compensatória que somente transforma qualquer espécie de virtude natural e sobrenatural em ferramenta mundana e hedonista, numa promessa niilista por um fantasioso “mundo próspero”. A manipulação das virtudes, dentro da espiritualidade cristã, já se saber ser tática corriqueira do príncipe das trevas, que infelizmente trabalha sem descanso por destruir o que de bom, belo e verdadeiro o Criador realizou.

A tecnologia legou-nos até hoje a possibilidade de conhecermos o estado das sociedades ao redor do mundo, e por isso, hoje podemos dizer que o mundo inteiro está sofrendo as consequências deste trabalho incansável do demônio. Sua força sobrenatural ultrapassa as meras capacidades humanas, esta humanidade que deveria reconhecer isso e assim alinhar força com o Senhor do tempo e da história. Mas ao contrário, chegamos em um ponto da história em que a grande maioria da humanidade - através de várias táticas demoníacas - pensam que somos os mais fortes, e que as ameaças sobrenaturais não passam de uma fraqueza de mentes que não se modernizaram ainda e que não evoluíram.
Tolos, são estes seres humanos. Estes que acreditam realmente que não pensar, não tentar entender, não refletir sobre algo, fará com tal ameaça não exista. É a síndrome do Bicho Papão, que desaparece dos quartos e armários quando a criança assustada cobre-se com o cobertor. Para esta criança, não ver é a magia que faz as ameaças desaparecerem e enfim, tornar-me mais forte pela “tática do coberto”, que não é uma proteção no imaginário, mas a barreira entre a realidade e a ilusão de vida tranquila e sem ameaças.
Parece inimaginável que, depois de tantos séculos de doutores, estudiosos, mestres espirituais e intelectuais, nos vemos assim, naufragados no grande oceano do ostracismo intelectual, moral e espiritual. Somente no Brasil já se passaram mais ou menos umas quarenta décadas que não vemos publicar-se alguma obra literária de significativo alcance na sociedade. O mesmo no campo espiritual, onde perdeu muito mais tempo com “mensagens musicais” para “aliviar o stress e acalmar o coração ferido”.
Onde queremos ir? Para onde a humanidade quer levar o gênero humano? Para a falência total? Para a glorificação surreal da imbecilidade e do panteísmo?
Neste mundo, o que desaparece com um cobertor mágico são a razão humana e a existência de Deus.
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