Missa sem piedade eucarística
Não é de hoje que tenho comentado a falta a piedade eucarística de muitos sacerdotes que formaram-se em seminários pós década de 70 e 80, algo que desde já afirmo não estar intimamente ligado ao Concílio Vaticano II - algo que corriqueiramente preciso reafirmar visto a facilidade em me adjetivar por “anti Vaticano II”.

Estes dias atrás, já no período da Quaresma, participei de uma missa dominical em uma paróquia onde o pároco é um antigo conhecido meu, e para minha tristeza, pude observar quase que sem o querer, algumas posturas no presbitério que não favorecem a liturgia da Igreja, e nela, muito menos o santo Mistério Pascal. Mas o que mais me incomodou foi a descompassada pressa na “narração” da 2ª parte da liturgia, isto é, do Rito Eucarístico.
O infeliz sacerdote dedicou-se valorosamente em discorrer uma homilia de mais de 20 minutos, razoavelmente perfeita, com notáveis ligações às leituras sagradas proferidas durante a 1ª parte da santa missa, ou seja, no Rito da Palavra. Seu esforço foi notável, apesar daquelas pequenas falhas de dicção que muitas vezes não conseguimos eliminar apesar de muito trabalho.
Mas este notável esforço na homilia, foi totalmente desvalorizado pela falta de piedade no trato com Nosso Senhor da Eucaristia. Passando o cântico litúrgico do Sanctus, o modo “turbo” do sacerdote parece ter sido ligado, favorecendo um manuseio indiferente à teologia bimilenar da Santa Igreja sobre a presença real de Jesus Cristo na espécie eucarística. Como falar as palavras de Jesus sem entoá-las com clareza e pausa, possibilitando a conscientização de si mesmo diante do mistério que adorou Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, São Boaventura e tantos outros? Parece inexplicável e injustificável tamanha indiferença ao Deus eterno e onipotente “preso” na partícula depositada na grande patena.
Faz tempo que observo os sacerdotes recitando a liturgia eucarística como se estivessem narrando algo obrigatório, enfadonho para eles, que desejam acabar logo para verem-se livres de tais textos já decorados. Que percepção desalentadora!
Será que a adoração Eucarística acontece somente quando o padre expõe o Ostensório sobre o Altar? Será que esquecemos que, agir dentro de um templo onde está uma Partícula consagrada, como se estivéssemos ao ar livre, sem que Deus nos visse, revela a teologia luterana da “temporária presença de Cristo no pão consagrado”? Será que não estamos atentos ao humanismo ateu que prega insistentemente e de várias maneiras a descentralização de Cristo, para colocar em seu lugar o ser humano?
Existe muito a se observar e pensar. Nossas atitudes e posturas revelam o entendimento que possuímos e até onde conseguimos imergir nas profundezas da fé em Deus. Adoremos a Jesus, Filho único de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.