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Confiteor [3]: Coerência, honestidade, integridade

Vive muitas páscoas, ou melhor, comemorações da ressurreição do Senhor. Mas posso, por acaso, julgar-me menos vislumbrado com a simples compreensão de que Jesus tenha sofrido, flagelado e morto e então ressuscitado? Parece-me um pensamento muito distante daquilo que sempre está diante de mim, a necessidade da coerência, honestidade e integridade.


Como poderia ferir estas três virtudes sem desferir um terrível e quem sabe golpe fatal em mim mesmo? A coerência foi algo que lutei muito por fixar vivamente em meu espírito, assim como a honestidade que edifica uma integridade como couraça impenetrável das artimanhas da malevolência e maledicência. Hoje não me é possível admitir uma postura, uma afirmação, mesmo que corriqueira e sem peso decisório, em que antes da manifestação verbal, tenha funcionado o filtro intelectual da concordância com os princípios mais fundamentais que formam meu ser. Este filtro interno, que reúne as informações, os silogismos, as estruturas, são vigiados pela consciência, faculdade natural do ser humano que está em todos, mas nem sempre é bem usada por todos.


Engana-se aquele que julga-me arrogante e prepotente, ou mesmo orgulhoso. É justamente por viver com uma consciência íntegra e controladora da coerência expressada por mim, que posso dizer o que digo. Se perguntam de minha “santidade”, respondo que não existe, pois o que existe é um homem cada vez mais sabedor de sua natureza e Daquele que o criou, e que portanto, luta por desprender-se cada vez mais dos laços ilusórios que mentalidades enraizadas no erro, na maledicência e na vaidade fugaz e rasteira, tentam prender a todos. Pois onde há vaidade, há vício e há malevolência.


Acredito que um certo ostracismo seja uma das consequências de certa vida entregue aos laços ilusórios, que não são detectados de maneira muito fácil. Muitas vezes eles requerem uma observação atenta aos que nos rodeiam, àqueles bem próximos, àquelas coisas que são as mais caras a nós. De fato, o que adquirimos com o tempo ou o que nos é dado, pode ser um verdadeiro Cavalo de Tróia, uma armadilha que nos amortece, que nos cega. Donde concluo que um bem, ou um presente verdadeiramente válido, pode ser aquela bofetada na cara, ou aquela crítica enfática, ou ainda aquela postura, mesmo que errada, mas forte e decisiva de alguém que amamos. Estes “presentes” sim, podem nos fazer sair do ostracismo e começarmos a edificar uma consciência íntegra, coerente e honesta.



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